9.8.11

Devagações


Que saudade de ler alguma coisa doce, algo que fuja um pouco da literatura diária e fria. Saudade de ouvir por aí coisas doces, leves, sutis, agradáveis e confesso até, saudades de ouvir coisinhas românticas. As pessoas falam tanto de seus problemas, suas obrigações, do quanto a vida tem se tornado cada vez mais difícil, mas e a parte boa, onde está? Confesso que até eu tenho me rendido a isto. A vida endurece a gente com o tempo, não é? Obrigações as vezes, não exatamente por que queremos, mas porque somos levados sem querer, nos tomam toda a atenção, e acabamos esquecendo das boas coisas.
Toda essa doçura que falo, os amigos, os bons papos, a despreocupação, está em falta no mercado. Temos, cada vez mais, muito mais tempo pro trabalho e pras preocupações do que pra parte boa e leve da vida.
Não vejo mais nas prateleiras as antigas guloseimas, não se vê mais os bons doces. O que há de novo são os piadistas, a piada gratuita, doa a quem doer, atinja a quem atingir, a piada não pode ser perdida, ela precisa ser feita não importando pra quem seja.
Objetivo nisso, não há nenhum. Stand Ups gozando das banalidades cotidianas, desfrutando de qualquer tropeço ou mesmo inventando cotidianos inexistentes para fazer rir a qualquer custo. Claro, se a ‘despreocupação’ está em falta também, porque não fazer rir? Ora, não há problema em fazer rir, pra mim, há problema em apenas rir.
Não, não digo que seja ruim rir. Rir é bom, mas a piada constante cega, enrijece o ser, o faz indiferente a todo resto, movendo seu corpo de forma impensada durante uma larga gargalhada, que o faz esquecer todo e qualquer problema que aquelas minuciosas e cotianescas situações do dia a dia o fazem estressar-se e o impedem de viver uma boa e tranquila vida.
O cômico é ao mesmo tempo trágico.
Saudades dos bons amigos, que nos fazem pensar o comodismo das situações de nossas vidas. Sim, não é ruim pensar a vida, ruim é criticá-la sem refletir. Balbuciar os problemas aos quatro ventos sem pensar sobre eles.

A gente vai levando a vida como está, e rindo dos desgraçados e cômicos problemas de sempre.
Puxa, que saudade do que não foi e do que nunca será. Sabe aqueles papos que nunca nos levam a lugar algum? Das vontades impossíveis, de fazer tudo aquilo que antes era possível e agora, se tornou impossível.
Que falta faz, nos dias de hoje, nostalgia sobre aquilo que não vivemos, ou mesmo nostalgias que fantasiam como antigamente era melhor, mais colorido, como a vida era simples e descomplicada.
Passos descomplicados em meio a calçada, despreocupação com tudo, desenhos, roupas simples, tênis, e tudo o mais que fosse 'gostoso' de se viver, vestir, de se falar ou de se sentir...

A vida não precisa fazer sentido, simplesmente precisa ser ‘gostosa’ de se viver. E nós, quanto mais velhos ficamos, mais sentido buscamos.

1 comentários:

Gabriel Aires Guedes disse...

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